Acompanho o transformar da natureza. É impossível não sentir seus ritmos extremamente definidos, principalmente quando se vive no hemisfério norte. Agosto chegou. Mês dos hibiscos, das dálias, das... As malvas já estão com sementes. E as maças aduiriram bochechas vermelhas. Os dias estão mais curtos, há outros ventos e cheiros - aqui é verão tardio. Há outros luzes,. O verão está por um fio. E o outono me parece... já está na soleira da porta, a esperar covite para entrar. Estas mudanças são essenciais e me envolvem. Ah, é um sentir imenso. A exuberância das cores me inspira e eu sou arrastada por uma força que ainda não consegui definir.
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
domingo, 10 de agosto de 2014
Águas salgadas e doces circundam a cidade. Vivo numa ilha e o mar
está a poucos passos de onde estou. Em meu bairro há grandes lagos.
Águas integram a vida urbana, tal qual um comandante integra a ponte
de um navio. Com águas convivo. São azuis líquidos, a cor de minha
saudade. Deixo-me guiar por seu ritmo e, sempre que possível, busco
sua presença. Ela é misteriosa e bela em toda sua plenitude.
Constantemente, exercito desvendar seu claro rosto, quando – em vão
– procuro palavrear a sua real existência e o poder que em mim
exerce. Ao vê-la, me sinto feliz. Meus passos então se apressam e,
em minha sofreguidão, acabo correndo para nela molhar meus pés ou
para brincar com sua fresca liquidez que escorre pelos meus braços.
Contudo, em sua constante mudez, cobre-me de melancolia. Um
filetezinho de melancolia, talvez!
Margeio os lagos ao entardecer, onde há dois caminhos paralelos: um
para pedestres, outro para os ciclistas e, mais abaixo, há uma larga
plataforma, diretamente na beira, no cais, pela qual as pessoas
passeiam e praticam corrida. Prédios centenários de moradia exibem
suntuosas sacadas por toda a extensão. Olho para os lagos. Agora há
centenas de pequeninos cristais distribuídos em suas serenas águas.
Uma comitiva elegante de cisnes – em macias plumagens –- está a
nadar pela imensidão azul, em fileiras. Os cisnes deslizam pelas
águas de forma suave e leve, como se fossem pétalas brancas. Depois
se espalham novamente e comem plantas aquáticas que pescam lá do
fundo do leito. Por encantamento, um casal de cisnes enamorados
começa a cortejar. Até parece que sabiam que eu queria
fotografá-los. Por estas cenas, na verdade, eu havia esperado já de
longa data. Num delicado ritmo, os cisnes nadam um em frente ao outro
e se aproximam carinhosamente: surge assim, a forma perfeita do amor.
Em amável e expressiva linguagem, dançam e se tocam. Me emocionei,
é belíssimo. Um casal de cisnes jamais se separa.
Por sobre a mole e abundante superfície A água é vital. Águas
procuram caminhos, deitam sossegadas em grandes vales, rastejam feito
serpentes e se entregam ao mar. Penetram em fiordes, saltam
cataratas, se movimentam em gigantescas ondas e abraçam
arquipélagos. Elas banham cidades e separam continentes.
Paradas, serenas e profundas, transformam- se num brilhantíssimo
espelho. Todavia, podem se apresentar abundantes e poderosas e se
movem em violentas ondas.
Águas salgadas e doces circundam meus caminhos. Vivo numa ilha e o mar está a poucos passos de onde estou. Em meu bairro há grandes lagos também. Águas integram essa cidade, assim como um comandante faz parte da ponte de um navio. Com águas convivo. Azuis líquidos, a cor da saudade. Gosto de estar em sua companhia, sempre que possível, busco sua presença. Ela é misteriosa e bela em sua transparência. Constantemente, exercito desvendar seu claro rosto e tento – em vão – palavrear a sua real existência e o poder que por sobre mim exerce. Ao vê-la, me sinto feliz. Meus passos então se apressam e, em minha sofreguidão, acabo correndo para nela molhar meus pés ou para brincar com sua fresca liquidez que corre pelos meus braços. Contudo, em sua constante mudez, cobre-me de melancolia. Há algo nela que me passa um filetinho de dor... Algo que ainda não consegui nomear.
Margeio os lagos ao entardecer, onde há dois caminho paralelos: um
para pedestres, outro para as ciclistas e, mais abaixo, há uma larga
plataforma, diretamente na beira, no cais, onde as pessoas praticam
corridas, passeiam e descansam nos bancos. Prédios centenários
exibem suntuosas sacadas por toda a extensão. Olho para os lagos.
Agora há centenas de pequeninos cristais distribuídos em suas
serenas águas. Um cortejo de cisnes – em macias plumagens –-
nada pela imensidão azul, em fileiras. Depois se espalham e comem
plantas aquáticas que pescam lá do fundo do leito. Por
encantamento, um casal de cisnes enamorados começa a cortejar. Até
parece que sabiam que eu tanto queria fotografá-los. Por estas
cenas, na verdade, eu havia esperado já de longa data. Num delicado
ritmo, os cisnes nadam um em frente ao outro e aproximam
carinhosamente suas cabeças, formando a forma perfeita do amor. Em
amável e expressiva linguagem, dançam de forma elegante e se tocam.
Me emocionei, é belíssimo. Fiquei a vê-los por mais de uma hora.
Ao nadar, deslizam pelas águas, suaves e leves, como se fossem
pétalas brancas. Um casal de cisnes vive junto para sempre, sempre.
A água transmite sossego, o ritmo sempre igual embala-me com doçura.
Ouço seus ruídos que me são melódicos. Paradas e profundas, águas
transformam- se em um brilhantíssimo espelho. Podem se apresentar
abundantes e poderosas em violentas ondas. Águas de mar, de chuva,
de rios e riachos, de lagos. Águas procuram caminhos, nascem em
montanhas, deitam sossegadas em grandes vales, rastejam feito
serpentes e se entregam ao mar. Elas banham cidades, penetram em
fiordes, saltam cataratas e abraçam arquipélagos. Águas separam
países e continentes.
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Águas salgadas e doce circundam meus caminhos. Vivo numa ilha e o
mar está a poucos passos de onde estou. Em meu bairro há grandes
lagos também. Águas fazem dessa cidade, como a proa faz parte de um
navio. Convivo com a água. Azuis líquidos, a cor da saudade.
Gosto de estar em sua companhia, sempre que possível, busco sua
presença. Ela é misteriosa e bela em sua transparência.
Constantemente, exercito desvendar seu claro rosto e tento – em vão
– palavrear a sua real existência e o poder que por sobre mim
exerce. Ela é infinita em toda sua existência. Ao vê-la, me sinto
feliz. Meus passos então se apressam e, em minha sofreguidão, acabo
correndo para nela molhar meus pés ou para brincar com sua fresca
liquidez que corre pelos meus braços. Contudo, em sua constante
mudez, cobre-me de melancolia. Margeio os lagos ao entardecer, onde
há um caminho para passantes e outro para as bicicletas. Agora há
centenas de pequeninos cristais distribuídos em suas serenas águas.
Um cortejo de cisnes nada nada pela extremidade azul, em fileiras.
Depois se espalham – pais e filhos, e comem plantas aquáticas que
pescam lá do fundo. E, para minha felicidade, um casal de cisnes
brancos começa a cortejar. Até parece que sabiam que eu tanto
queria fotografar estas cenas. Num delicado ritmo, em linguagem
compreensível, dançam a música do amor. Me emocionei, é
belíssimo. E eu senti uma pontada de alegria. Fiquei a vê-los por
mais de uma hora. Ao nadar, deslizam pelas águas como se fossem um
pacotinho de algodão doce. A água transmite sossego, o ritmo sempre
igual embala-me com doçura. Ouço seus ruídos que me são
melódicos. Paradas e profundas, águas transformam- se em um
brilhante espelho. São abundantes e poderosas. Tão completas. Águas
de mar, de chuva, de rios, de lagos. Águas procuram caminhos, nascem
em montanhas, deitam em vales, rastejam e feito serpentes e se
entregam ao mar.
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Muitas vezes, ao andar de trem, ao fotografar no parque, ao passear
pelo bairro, escrevo um texto em pensamento. Na verdade, falo com
você. É, eu conto algo. E na hora... esse meu contar me agrada e
posso até imaginar o brilho de seus olhos ao me ouvir... se por
ventura me ouvisse. Mas depois, ao tentar registrar um pensamento
bonito assim anteriormente criado, parece que tudo fugiu. Procuro
mais uma vez reunir as palavras e formar um texto bacana. Mas cadê?
Parece que não sei escrever uma única frase. Incrível, mas a
escrita é momentânea e precisa de todo o imenso entusiasmo. Sem a
emoção, a mensagem será seca e sem sentido. Então fica este vazio
e esta falta de alguma coisa. Tantas vezes é assim. Como se não
bastasse, somo ainda a minha auto-crítico e então surge um momento
hiato, um espaço em branco que não consigo preencher. De todas as
maneiras, escrever em meu idioma é algo que me fortalece, que me faz
bem. É parte do que sou. E eu divido com você – que sempre,
sempre me escuta.
quinta-feira, 31 de julho de 2014
Ivoti, no ano de 1977. Lembro-me tão bem quando vim morar nesta casa
grande. Ah, como tudo era magnífico. A começar com os jardins.
Havia muito espaço para descobrir e muitas pessoas para cativar.
Confesso, eu me sentia uma formiguinha a andar pelos corredores que
eram feito estrada, larga, longa e florida. Pelos vitrais a luz se
aconchegava e sempre, sempre permitia que víssemos o azul do céu
quando estávamos a caminho do saguão. E à noite eu tropeçava pela
lisa cerâmica na tentativa de ver as estrelas. O lugar onde eu iria
estudar era, verdadeiramente colossal e, diante dele, tudo em mim era
fragilidade e inquietação. Me sentia um tantinho aventureira,
todavia, uma metade de mim era pura timidez, regada a olhares
furtivos e a voz embargada de emoção. Encabulada eu via, aqui e
ali, pequenos grupos de estudantes que conversavam em voz alta e
lembro também da euforia do reencontro dos que já se conheciam. Na
sala de estudos e nos quartos haviam as alunas responsáveis, uma
espécie de tutores. E eu era novata obediente em excesso, quase
súdita. Os sentimentos, que eu nem ouso caracterizar, simbolizava-os
em lindas caligrafias, imprimidas em papel de seda – algo que
chamávamos de carta. Relatos que nunca eram menores de cinco
páginas. E por falar em tutores, havia muitos deles no internato –
até mesmo, chefes de mesa. E, neste contexto retangular formado por
oito pessoas, aprendi – já na primeira refeição - uma palavra
nova: Fitchei! Esse vocábulo, inexistente em todo e qualquer
dicionário da Língua Portuguesa, não carecia de explicações. Em
sua escrupulosa existência, desconhecia-se a sua origem. Todavia
fazia parte do patrimônio da escola e era, ao nossos olhos,
universal. Fitchei exigia um complemento, algo como um objeto direto
que... talvez no final da refeição, passaria a ser um substantivo
abstrato. Fitchei o que ? A sobremesa! Fitchei a carne, fitchei o
bolinho. Eu fitchei alguma coisa. Esta palavra, em sua classificação
gramatical, era um verbo que jamais seria intransitivo, pois nós
fitchávamos sempre alguma coisa, uma provável sobra, com a qual
supríamos emoções e fomes. pouco tempo haveria de entender que “os
velhos” eram ninguém mais do que nossos professores, independente
da idade deles. E, ao cair da tarde, depois da janta, você levava o
violão e, num sorriso brejeiro, me convidavas para ver o anoitecer
nas escadarias da cancha de esportes. E tu interpretavas Gil com
tamanha perfeição... Dedilhavas Blowin in the Wind e eu cantarolava
a letra que na época eu sabia de cor. Bob Dylan era um de nossos
favoritos. Lembras? Sim, éramos jovens e em nossos corações morava
toda a esperança do mundo e acreditávamos encontrar no vento as
respostas para todas as nossas perguntas. Tudo, tudo em nossas vidas
ainda estava por acontecer.
Hoje você está voltando para este lugar que um dia foi a nossa
casa. Foi aqui que tecíamos a teia de nosso futuro. Num dia como
hoje, estamos com o coração no passado e por um momento fugaz,
somos a mesma turma novamente. Encontramos em cada abraço o repouso
da saudade... a embriaguez da emoção e a quebra dos silêncios.
Reencontrar você é contemplar o passado, intensificar o presente.
Algum dia volto para lhe rever e nosso encontro será colorido e
reluzente e então poderei me desfazer de toda esta bagagem de
lembranças. E em contradança, haveremos de transformá las em risos
e em palavras. Em gritos de felicidade.
Neste momento em que estás lendo minhas palavras, talvez eu esteja
parada no cais do porto em Copenhague. Quem sabe, uma brisa marítima
levará um pouco de mim para você. Ela acariciará sua pele e lhe
dirá que... se um dia lhe amei, hoje lhe amo. Em sussurros dirá
que, se um dia nos separamos, hoje quero lhe reencontrar. O vento lhe
dirá que… eu seria imensamente pobre se nunca tivesse cruzado em
seu caminho.
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Wir wohnen im Stadtteil Østerbro,
nicht weit vom Zentrum.
Komponistenquartier heisst es,
weil jeder Strasse nach einem dänischen
Komponist genannt wurde.
Komponistenquartier heisst es,
weil jeder Strasse nach einem dänischen
Komponist genannt wurde.
Es ist eine Reihenhaussiedlung,
die mehr als 100 Jahre alt sind.
Deswegen sind sie beschützt,
Deswegen sind sie beschützt,
man darf an der Fassaden nichts ändern.
Es gibt mehrere Vorschriften.
In unsere Siedlung wohnt auch Dänemarks
Ministerpräsidentin Helle Thorning Schmidt -
ihr Haus ist ganz in der nähe -
fast unsere Nachbarin.
Das Quartier ist beliet und hier wohnen
fast unsere Nachbarin.
Das Quartier ist beliet und hier wohnen
viele Familien mit Kindern.
Im Erdgeschoss ist die Küche,
Esszimmer und das Wohnzimmer.
Esszimmer und das Wohnzimmer.
Die schöne Einganstür - eine alte restaurierte Holztür.
Und so sehen die Strassen aus.
Die schwarz/weiss Bilder
habe ich selbst fotografiert.
Die Nachbarn
Bei den Jungs, im 2.Stock,
sie haben einen kleinen Fernsehraum für sich alleine.
Nebenann sind die Schlafzimmern von Matheus und Chrissi.
sie haben einen kleinen Fernsehraum für sich alleine.
Nebenann sind die Schlafzimmern von Matheus und Chrissi.
Im Hintergarten- ganz klein!
terça-feira, 24 de junho de 2014
Tenho em mim toda a euforia da festa verde amarela. Ser brasileira me
orgulha sobremodo. Trago comigo um legado imenso de encantamento.
Corre em minhas veias o ritmo exuberante da pátria viva, tropical e
hospitaleira. Nunca perdi esse majestoso amor – feito sol,
cachoeira, granizo, nevasca, vulcão, tempestade, – que até me faz
perder a razão, o senso crítico e, ensandecida, me leva às
lágrimas ao ouvir o Hino Nacional. Isto pode parecer comovente
demais, um exagero talvez, fanatismo... Mas fazer o quê? Em
contrapartida, sinto uma insustentável mágoa com ao saber de que
educação, saúde e moradia ainda são irreais para muitos
brasileiros. Confesso, não tenho nenhuma resposta ao falar sobre
corrupção e pobreza infantil, mas inquietam-me... inquietam-me
tantas perguntas. Sonho todos os sonhos e acredito que algum dia
acabe a violência em nosso país e que tenhamos mais tranquilidade.
Utopia? Ingenuidade? Surreal? “Se as coisas são
inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las”, ensina
o poetinha querido. Ao falar do Brasil, formo uma teia de boas
palavras. Procuro, deste modo, ilustrar a afetividade sempre, sempre
em mim existente. E, quem ama cuida. Vivo fora, mas me empolgo... e
sofro junto.
terça-feira, 17 de junho de 2014
Irmã da gente é um tesouro. É a pessoa que se ajusta ao que somos,
é metade amiga, metade mãe. Inseparável e confiante – a que em
nós confia. Com ela dividimos os primeiros passos, o primeiro dia na
escola, o primeiro amor, a conquista e... a dor do fracasso. Quando
meninas, usamos a mesma cor de vestidos, os mesmos sapatos e as
mesmas fitas Em laços afetivos, dividimos ideais, somamos conceitos
e subtraímos decepções. Fomos embaladas pelos mesmos braços e nos
aconchegamos no mesmo colo. Nossa irmã é porto seguro, a pessoa que
nos acolhe, a que nos compreende, que guarda nosso segredo e a que
nos defende. Ela nos passa a maior bronca e sempre, sempre nos
aplaude. Damos gargalhadas e falamos bobagens. Brigamos e nos
abraçamos. Adorável pessoa que nos ampara. Que nos ampara no
momento oportuno e nos segue. Juntas... desconhecemos a solidão.
Irmã da gente é feito alma gêmea - a semelhança em nossas
diferenças. Mana, sou um pouco... do muito que és!
sábado, 24 de maio de 2014
Bring back our girls! Na Nigéria meninas estudavam num internato em
Chibok e, de maneira natural, em poucos dias prestariam exames
finais. Arquitetavam seu futuro. Almejavam felicidade e amor. Meninas
nigerianas tinham sonhos. Todavia, no escuro seio da noite, foram
levadas em caminhões para algum lugar. Foram capturadas, de forma
irracional. Sem aviso prévio, as jovens foram levadas embora,
indefesas, por muitos homens – com fortes braços, cruéis. Meninas
nigerianas... talvez entre elas estava a Zene, Abeke, Zaila, Adanya,
ou quem sabe, a Malika... Femininas: discriminadas em sua essência.
Dia após dia estão nas mãos de Boko Haram, a organização
fundamentalista islâmica que se autoriza a realizar este ato
bárbaro, algoz. Menina - mulher. Como estarão sendo tratadas?
Teriam sido forçadas ao casamento? Escravizadas e vendidas?
Sexualmente violadas? Nigeriana, menina! Menina flor de tantos outros
lugares... O que fizeram com você?
sábado, 17 de maio de 2014
Este vento nórdico que ora sopra... desperta lembranças. Ele move
moinhos, desalinha os cabelos e dispersa o pólen. Estremece a flor,
enche o mar de ondas e levanta poeira. Vento que vem e que passa, que
veleja o barco, que espalha perfumes e que traz a chuva. É
invisível, mas palpável, feito um toque afetuoso. Sinto - o, é
marcante como uma injúria e castiga como um abandono. E se o vento
fosse azul, verde ou branco? Mas não tem cor, nem brilho, nem
sombra. É liso e incedeia o sentimento. Vento que tem força,
assobia, quebra o silêncio e perturba o sossego. Não é brisa ,
qual o quê... rastilha e desfolha todo dia. Espaneja felicidade e
devassa melancolia. Ah, que vento... um imenso tudo. Sopra e açoita.
terça-feira, 13 de maio de 2014
Biblioteca – paredes que guardam histórias. Prateleiras
abarrotadas de livros, construtores de sonhos. Cada volume, um
universo. Cada título, uma viagem. É uma silenciosa sala,
inaudíveis vozes narram episódios e aventuras. As estantes formam
um mosaico de contos, crônicas e romances. Obras herdadas,
recebidas. Ensaios escritos para mim, feito dádivas. Mundos
inventados. Infinitudes. Tão plenos. Envolventes. Tão livros.
Resmas de folhas encadernadas contém deliciosas palavras, e são
acessíveis. Algumas vezes, se apresentam trágicas, ou tristes.
Palavras figuradas, esculpidas, manuseadas. Encontro-me com Márquez,
Drummond, Clarice, Saramago, Cecília, Allende e tantos outros.
Autores e sua arte. Uma multidão de personagens habita o aposento.
Sinto que estão ali... ouço murmúrios misteriosos, falas e risos.
Essa gente toda, em inconfundíveis cenários: Alices Bastians José
Arcádios Estebans Anas Claras. Ferminas e Florentinos. Personagens
transbordam das histórias fabricadas e despertam fábulas. Por entre
os volumes já um pouco amarelados, há dragões, cavalos, príncipes,
duendes, magos e bruxas. Eragon e Saphira. Seres mágicos espalham
seus poderes em algum tempo... antes existido, e o agora. Leituras a
meu dispor. Leituras inesquecíveis a meu dispor. Biblioteca –
depósitos de histórias. O livro.
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